“Precisamos de um movimento positivo para acelerar, capacitar, refinar e desenhar um futuro mais sustentável. Aumentar a conscientização das pessoas, empresas, cidadãos e instituições de que outro futuro é possível”. Guido Barilla, presidente do Grupo Barilla e da Fundação Barilla, usou essas palavras para anunciar o evento intitulado “Resetting the Food System from Farm to Fork – Setting the Stage for UN 2021 Food Systems Summit“.
Oferecido pela Fundação Barilla e pela Food Tank, o fórum foi realizado virtualmente na terça-feira, 1 de dezembro. Vários chefs, ativistas, produtores e atores importantes do mercado de alimentos trouxeram suas visões e soluções, em vista do grande evento da ONU “Food Systems Summit“, que acontecerá em 2021.
Abaixo listamos as principais discussões que permearam o evento:
Agricultores, pescadores e criadores desempenham um papel fundamental na promoção de mudanças nos sistemas alimentares globais.
Eles são guardiões e administradores de valiosos conhecimentos tradicionais e precisam ser trazidos à mesa com urgência para dar forma eficaz aos processos de tomada de decisão. As comunidades agrícolas precisam de apoio e incentivos para realizar uma transição para abordagens mais sustentáveis e agroecológicas. Com isso, garantir a soberania alimentar, aumentar a produtividade e a resiliência contra choques externos, preservando a biodiversidade e os ecossistemas. O principal desafio é fornecer acesso equitativo à terra, mercados, sementes e tecnologias para todas as comunidades agrícolas, bem como garantir meios de subsistência decentes para todos, especialmente para os grupos mais vulneráveis, como mulheres, povos indígenas e jovens.
A inovação em tecnologias, incentivos financeiros, políticas públicas deve acelerar a transição dos sistemas agroalimentares para a equidade, resiliência, saúde e sustentabilidade.
A tecnologia deve ser apropriada para diversas comunidades e culturas. Agricultores e empresas precisam ser apoiados para ter acesso ao ecossistema de inovação e efetivo processo de capacitação. A regulação e as políticas públicas devem garantir que o valor gerado com o uso da tecnologia digital na cadeia agroalimentar seja distribuído de forma justa aos agricultores. Políticas públicas, governança distribuída e descentralizada, e elevação da gestão de dados liderada pela comunidade são necessários para transformar o sistema alimentar. Grandes investimentos públicos – como, por exemplo, em infraestrutura de água e logística, conexões digitais e assistência técnica – também são importantes.
Alimentos de alta qualidade e ricos em nutrientes produzidos de forma sustentável devem ser acessíveis a todos.
Isso é fundamental para a saúde global, o bem-estar e a segurança ambiental, e requer reformas políticas coerentes e incentivos econômicos sérios. As dietas sustentáveis tradicionais precisam ser reconhecidas. Devem ser priorizadas as políticas e ações relacionadas com a alimentação e a agricultura que proporcionam vários benefícios – em temas como a redução da pobreza, o aumento da equidade, a criação de empregos, o crescimento econômico e a redução dos impactos ambientais – conforme defendido pela Estratégia Farm to Fork da UE.
As empresas de alimentos em todo o mundo devem repensar urgentemente suas estratégias e operações para se alinhar com os ODS e o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
Para isso, precisamos de engajamento com agricultores e fornecedores de alimentos; investimento em práticas agrícolas sustentáveis; medições de desempenho mais alinhadas com a Agenda 2030; além da ampliação de práticas e padrões alimentares sustentáveis.
As empresas de alimentos e agricultura devem aumentar a resiliência para lidar com choques globais atuais e futuros.
As alianças entre chefs, hospitalidade, produtores e consumidores é vital para introduzir hábitos de consumo responsáveis, melhorar os sistemas alimentares regionais e descobrir o verdadeiro custo dos alimentos.
Embora o setor de hospitalidade represente apenas uma parte da cadeia alimentar, os chefs podem atuar como conectores-chave e usar sua influência para ajudar os consumidores a quebrar barreiras culturais, políticas e econômicas, além de atuar na melhora de dietas e estilos de vida por meio de suas criações.
O mundo agora espera pela “Conferência de Sistemas Alimentares da ONU“, em 2021 O evento abordará o realinhamento dos sistemas alimentares com as necessidades humanas. Num mundo pandêmico, será uma grande reflexão sobre como tornar as fronteiras do planeta mais resilientes, inclusivas e sustentáveis quando tudo isso passar.
Fonte : Barilla | BCFN Foundation | Food Tank
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