Brasileiros são os maiores produtores mundiais do grão, à frente justamente dos americanos. Brasil está com pouca oferta de soja no país por causa do ritmo acelerado de vendas para o exterior, sobretudo para a China, durante 2020. Por conta disso, o inesperado aconteceu: agora, precisamos comprar soja!
Um navio com 38 mil toneladas de soja produzida nos Estados Unidos chegou no final de novembro ao porto de Paranaguá (PR). De acordo com sistemas de monitoramento de embarcações, o carregamento marcou a entrega de uma rara compra feita na América do Norte em meio à oferta reduzida por aqui.
Em 2020, o Brasil vendeu grandes volumes de soja para a China, maior importadora global do grão, impondo escassez do insumo para o consumo doméstico. A situação resultou em um valor recorde em reais da matéria-prima
para consumo animal, ajudando a impulsionar a inflação dos alimentos no país. A falta do produto no Brasil, inclusive, é o principal motivo da alta de mais de 50% no preço do óleo de soja durante o ano.
A Reuters divulgou o embarque de 38 mil toneladas de soja dos EUA com destino ao Brasil com base em informação de uma agência marítima, que apontou o carregamento a partir a Louisiana. Embora seja uma quantidade pequena para os padrões comerciais globais, tal quantidade é o maior volume de soja dos ianques comprado pelo país desde 1997. A autoridade portuária brasileira informou que o navio Discoverer trouxe a primeira carga de soja importada pelo Brasil, via Paranaguá, em pelo menos uma década.

As exportações norte-americanas ocorreram após o governo brasileiro ter zerado no mês passado a tarifa de importação de soja e milho de fora do Mercosul. A medida foi uma forma de ajudar o país a lidar com preços recordes da oleaginosa, depois de o câmbio ter impulsionado os embarques brasileiros, especialmente para a China.
RISCOS
A importação de soja geneticamente modificada dos EUA pode acarretar riscos regulatórios, considerando que os dois países tratam de forma diferente a aprovação de sementes transgênicas. A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) defende a sincronização das autorizações entre os dois países para eliminar qualquer incerteza.
Atualmente, sementes geneticamente modificadas resistentes a herbicidas como o glifosato e a insetos como as lagartas são permitidos no Brasil e nos EUA. Mas os chamados eventos transgênicos são aprovados conjuntamente no Brasil e separadamente nos EUA.
No início de novembro, o Brasil reconheceu a equivalência de eventos transgênicos aprovados em ambos os países com o objetivo de garantir segurança jurídica aos importadores. Segurança, neste caso, só jurídica mesmo. Porque a da saúde da população, pelo que se vê, passa longe…
Fonte: Reuters
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